Porque devemos nos preocupar com o estudo, documentação e preservação das línguas indígenas?
O grande patrimônio linguístico do Brasil encontra-se sob ameaça de desaparecer, em grande parte, no decorrer desse século. De fato, estimamos que nos últimos 500 anos, já foram extintas quase 80% das línguas indígenas faladas no continente antes da chegada dos europeus. Hoje, algumas populações indígenas contam com milhares de falantes, como, por exemplo, os Mundurukú no Pará (pop. ±7.500), os Makuxi em Roraima (pop. ±16.500) e os Ticuna no Amazonas (pop. 30.000+). Mas há muitos grupos, como, por exemplo, os Arikapú, Mondé, Xipaya, Kuruáya e Guató, em que restam somente alguns falantes, normalmente anciões, que ao morrerem levarão as últimas palavras dos seus povos e muitos de seus conhecimentos.
Entendemos que essa diversidade linguística e cultural é uma riqueza que precisa ser melhor conhecida, documentada e preservada. Pois ao perder uma língua também perdemos os conhecimentos incorporados àquela língua, inclusive conhecimentos culturais, ecológicos, indícios sobre a pré-história humana, informações sobre as estruturas e funções das línguas humanas de modo geral.
Precisamos reconhecer que para qualquer povo - do mais ao menos numeroso - a língua representa um elemento vital; sua morte é uma perda irrecuperável. Acima de tudo, a valorização e preservação das línguas é um direito universal que devemos reconhecer e defender.
O mapa interativo lançado pela UNESCO em fevereiro 2009 oferece um panorama das línguas em perigo de desaparecer no mundo inteiro: www.unesco.org
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